domingo, 26 de maio de 2013

PERFIL PSICOLÓGICO DOS MOLESTADORES SEXUAIS


             Neste grupo de população prisional estão inseridos os internos  condenados  ou respondendo por  estupro (213 CP), atentado  violento ao pudor (214 CP), corrupção de menores (218 CP), tráfico internacional de  pessoa ( 231 CP), tráfico interno de pessoas  ( 231-A , CP). Este grupo representava, em números aproximados, 5% da população carcerária do Acre.  
             Dentro deste grupo 76% são condenados ou respondem pelo crime de estupro, 19% pelo crime de atentado violento ao pudor e 5%, aproximadamente, por corrupção de menores.
               Por apresentar o percentual mais elevado no grupo dos crimes contra os  costumes,   delinearemos, com  base  em   dados  bibliográficos, o perfil psicológico  do  abusador  sexual.  Neste aspecto, o primeiro mito a ser quebrado é  o de que existe um perfil físico ou comportamental expresso que permite identificar o abusador sexual.  Neste quesito autoridades policiais principalmente as que trabalham em delegacias especializadas, afirmam que o abusador pode ser uma pessoa rude ou educada, de posse financeira ou sem, em fim não é possível traçar  um perfil físico ou social do  abusador  sexual.
             Outro dado preocupante sobre este tipo de crime e que os abusadores sexuais, na maioria dos casos, são pessoas próximas a vitima: pais, padastros, tios, primos, “amigos” da família da vítima.   Além desta característica, a grande maioria das vítimas são crianças e adolescentes.
            Ao contrário do que imagina, os crimes sexuais não são praticados por impulso, um desejo incontrolável do autor, são, na sua grande maioria, meticulosamente planejados podendo demorar meses para alcançar a execução.
              No que se refere aos molestadores sexuais de crianças é  muito comum, principalmente em matérias jornalísticas, estes serem classificados como pedófilos. Entretanto, de acordo com cartilha elaborada pelo Programa Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes, a pedofilia tem como característica ser:



(...) um transtorno de personalidade caracterizado pelo desejo sexual por crianças pré-púberes, geralmente abaixo de 13 anos. Para que uma pessoa seja considerada pedófila, é preciso que exista um diagnóstico de um psiquiatra. Muitos casos de abuso e exploração sexual são cometidos por pessoas que não são acometidas por esse transtorno. O que caracteriza o crime não é a pedofilia, mas o ato de abusar ou explorar sexualmente uma criança ou um adolescente.


            Um grande número de pesquisadores, contrariando o senso comum, afirmam que, muitos casos de abuso sexuais contra crianças não são cometidos por pedófilos, afirmam se tratar de transtorno parafílico caracterizado por comportamentos sexuais que se desviam do que é geralmente aceito pelas convenções sociais, podendo englobar comportamentos muito diferentes e com diferentes graus de aceitabilidade social.
        Pesquisadores do núcleo de Psiquiatria e Psicologia Forense (Nufor) do  Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP)  afirmam  ser  consenso  que
 Os portadores de pedofilia podem manter seus desejos em segredo durante toda a vida sem nunca compartilhá-los ou torná-los atos reais; pode casar-se com mulheres que já tenham filhos ou atuar em profissões que os mantenham com fácil acesso a crianças, mas raramente causam algum mal.

 Portanto, o traço distintivo do pedófilo comum para o pedófilo molestador é a passagem da fantasia para o real fato que acontece geralmente quando estes são submetidos a situações com elevado nível de estresse que provoquem grande pressão psíquica.
A observação do modus openrandi dos pedófilos permitem a classificação destes em dois grandes grupos: abusadores, mais discretos geralmente se utilizam de carícias, levando, em muitos casos, à vítima a acreditar que não sofreu abuso sexual; molestadores são mais invasivos e diretos e, na maioria das vezes, consumam o ato sexual contra a criança.
Outro aspecto psicológico muito comum em pedófilos é a psicopatia. Esta, quando presente, faz diminuir a afetividade e empatia o que provoca um maior grau de violência. O pedófilo com psicopatia pode provocar atos extremos de violência como, sadismo e brutalidades.
 No geral, os molestadores sexuais dificilmente modificam seus comportamentos sexuais, psicológicos e culturais. O modus operandi é repetitivo, mas tende a ser tornar maleável e dinâmico à medida que o infrator ganha experiência. O aspecto fantasioso leva-o a formulação de um ritual, caracterizado por comportamento que excede o necessário para a execução do crime sendo este abastecido pela fantasia erótica.
O estudo do perfil psicológico do abusador sexual no Brasil ainda é incipiente e os trabalhos científicos nesta área buscam base literária em obras internacionais. No entanto, os trabalhos existentes corroboram a necessidade de se traçar o perfil psicológico e social do agressor com vistas a produzir subsídios às políticas prisionais que visem o correto encaminhamento e tratamento, quando necessário, de indivíduos apenados por este tipo de delito.
Ademais, o avanço de estudos nesta área aliado a disseminação de informações à população, provavelmente, fará diminuir os números de casos de abusos sexuais, principalmente contra crianças, que permanecem distantes dos olhos do judiciário.

REFERÊNCIAS

BRASIL, Ministério da Justiça, 2012 – Sistema integrado de informações penitenciarias – INFOPEN. Disponível em: <http://portal.mj.gov.br/main.asp? View=%7BD574E9CE-3C7D-437A-A5B6-22166AD2E896%7D&Team=&params=it e mID=%7BC37B2AE9-4C68-4006-8B1624D28407509C%7D;&UIPartUID=%7B28 68 BA3C-1C72-4347-BE11 -A26F70F4CB26%7D >. Acesso em: 21 mai. 2013.

BRASIL, PROGRAMA NACIONAL DE ENFRENTAMENTO DA VIOLÊNCIA SEXUAL CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES. Campanha de Prevenção À Violência Sexual Contra Crianças e Adolescentes – Cartilha Educativa.Disponível  em: <http://portal.mj.gov.br/sedh/spdca/T/cartilha_cartilha_educativa_SEDH_1512.pdf.>. Acesso em 23 de maio de 2013.

SERAFIM, Antonio de Pádua, et al. Perfil psicológico e comportamental de agressores sexuais de crianças. Extraído de: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-60832009000300004>. acesso em 20 de maio de 2013.